John Freelancer em "O Contrato do Último Desejo"
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  • Foto do escritorLeo Ridire

John Freelancer em "O Contrato do Último Desejo"



Planeta alienígena de Pikex


“Como toda sociedade já vista, a civilização galáctica humana nasceu, encontrou seu apogeu, prosperou e depois declinou, deixando diversas colônias espalhadas e segregadas por toda a Via Láctea. Este era o caso do exoplaneta Pikex, localizado nos confins da galáxia, um lugar que foi esquecido por todos fora daquele sistema estrelar e um lugar que esqueceu a todos em seus milênios de isolamento...”




Cidade fictícia de um mundo distópico de ficção científica


O deserto de Ultun era grande e traiçoeiro, sendo atravessado, geralmente, por caravanas com escoltas bem armadas, especialmente devido às criaturas horrendas que habitavam aquele lugar, porém, para o espanto dos patrulheiros noturnos das muralhas da cidade de Drexhat, um único homem se aproximava, caminhando nas areias cinzentas do deserto até chegar aos portões.

O viajante lembrava alguém na faixa dos trinta anos, sendo um pouco mais alto do que a média dos humanos, mas de ombros largos e físico atlético. Seus cabelos eram curtos e a barba por fazer marcava seu rosto cujos olhos ficavam escondidos atrás de óculos escuros de armação redonda, mesmo durante a noite. O sobretudo negro esvoaçava ao vento gélido do deserto, dando-lhe um ar imponente apesar da roupa surrada de uma longa viagem.

- Que negócios tem em Drexhat, viajante? – Interrogou um sargento cuja forma holográfica surgiu em frente aos portões.

- Sou Freelancer. – Anunciou o homem de forma sucinta.

No interior das muralhas, numa sala de controle, o sargento estava de pé, em frente a um visor que mostrava o viajante em frente ao portão, enquanto seus subordinados analisavam aquele estranho recém-chegado com seus aparelhos.

- Senhor, não detecto nenhum chip de identificação nele. – Declarou um soldado que estava ao lado do sargento, dentro dos muros, conferindo as informações no painel que tinha acoplado em seu braço mecânico. – Biometria negativa, DNA sem registro, íris e digitais não constam no sistema.

- Isso só pode ser um defeito! – Resmungou o sargento incrédulo.

O sargento deixou a sala de controle acompanhado de seu subordinado e desceu as escadarias de pedra até o nível térreo, onde cruzou uma portinhola lateral que o permitiu sair da cidade. O soldado ao seu lado estava armado com um grande rifle e pronto para reagir a qualquer coisa e assim os dois foram na direção do estranho.

- Nome e número de identificação, senhor. – Pediu o sargento com um ar cansado.

- John. – Disse o viajante num tom seco. – John Freelancer.

- Sem número de identificação, senhor Freelancer? – Inquiriu o militar com um suspiro. – Que assuntos o trazem a Drexhat?

- Bar-Freelancer. – Respondeu John num tom calmo. – Procuro trabalho.

- O que fazemos, chefe? – Questionou o soldado sem saber o que fazer com aquele homem sem identificação, afinal, nunca tinha ouvido falar de alguém que não fosse registrado na rede planetária de dados.

- Olha, sem documentos eu não posso te deixar entrar na cidade, mas sabe como é, não é? Nada que trezentinhos não resolvam. – Sugeriu o sargento puxando um pequeno aparelho que abriu um código de barras que permitiria transferências para sua conta bancária. – Meu amigo aqui também vai querer.

John nada disse, apenas pegou seu chip de crédito ao portador e transferiu a quantia solicitada para os guardas. Na sequência o sargento voltou para a sala de controle dizendo que tinha sido um erro nos aparelhos e logo franqueou a entrada do Freelancer em Drexhat.

Demorou algum tempo, mas o viajante encontrou o Bar-Freelancer e, logo que adentrou no recinto, reparou na criatura atrás do balcão, um alienígena da raça dos nellung. Era uma raça insectóide com uma carapaça quitinosa que adquiria tons cinzentos, assim como longas antenas que eram seus narizes e dezenas de olhos que eram globos negros no topo da cabeça.

- Conheço você! – Disse o dono do bar com um tom animado que deixava seu estranho sotaque nellung ainda mais engraçado de se ouvir, enquanto recorria a memória coletiva de sua espécie. – John, o Freelancer que rebocou de porrada os Hard-Technos na cidade de Roxfot! Foi um feito incrível!

O Freelancer nada respondeu, apenas se sentou junto ao balcão e apontou para uma bebida que estava logo atrás do inseto que fez uma expressão frustrada com seus múltiplos olhos e boca diminuta ao perceber que não conseguiria conversar muito com aquele homem.

- Tem contrato pra você, se quiser fazer. – Afirmou o nellung servindo uma dose de bebida para o viajante, esperando por um momento a resposta que nunca veio. – Bom, a cliente está naquela mesa ali, se estiver interessado.

John se levantou com sua bebida na mão e caminhou até a mesa que lhe foi apontada, sentando-se em frente a moça que bebia distraidamente. Ela deu um pulo de susto, mas quando percebeu se tratar de um Freelancer, se sentiu aliviada. A jovem tinha cabelos loiros curtos e uma face extremamente bela marcada por olhos azuis-turquesas e um corpo de físico invejável.

- Meu nome é Fae, muito prazer. – Disse a jovem com um ar esperançoso. – Você é Freelancer, não é mesmo? Eu preciso de ajuda e pago bem. Tô oferecendo sete mil créditos, mas os detalhes só depois do contrato firmado.

- Qual é o serviço? – Interrogou John ajeitando os óculos arredondados no rosto.

- Meu pai me deixou um último desejo antes de morrer e eu vou precisar de ajuda pra cumprir ele. – Contou a moça ficando subitamente preocupada. – Isso é o máximo que eu posso falar. Se não quiser aceitar, tudo bem. Outros já recusaram, eu vou continuar aqui esperando alguém que tope nesses termos.

- Fecho por dez mil. – Replicou o homem de maneira direta.



Divisória John Freelancer

John acompanhava Fae pelas ruas da periferia de Drexhat até que a dupla entrou em uma antiga oficina repleta de peças antigas, quebradas, muita poeira e teias de animais que pareciam ser maiores que aranhas. A jovem cruzou a loja e foi para o cômodo dos fundos acompanhada do Freelancer, onde abriu um compartimento secreto revelando um painel com diversas armas de fogo e brancas.

- Eu trabalhava aqui. Eu consertava relógios e computadores aqui. Agora, isso é só um sonho que eu enterrei. – Comentou a jovem com um súbito tom emocional. – Agora acho que vou consertar coisas maiores.

- Quão maior? – Indagou John com um ar distante, enquanto analisava as armas.

- Nada de me julgar agora, Freelancer! Você já aceitou o contrato! – Replicou a cliente variando do emotivo para o raivoso em um momento antes de se acalmar a prosseguir. – Que arma você tem aí?

John não respondeu, apenas abriu o seu sobretudo para revelar que não carregava nada consigo e depois deu de ombros, o que teria sido cômico se não fosse o seu jeito sério e o porte intimidador.

- Já vi que você é um Freelancer meia-boca... – Resmungou Fae revirando os olhos. – Provavelmente por isso que topou as minhas condições. Aposto que até hoje, tudo que você fez foi descer a lenha em alguém que devia grana pros seus clientes, não foi? Bom, pega aí o que você souber usar. Vou precisar de você bem equipado pra cumprirmos o último desejo do meu pai.

O Freelancer parou em frente ao mural de armas e olhou perplexo para elas. Ele não tinha qualquer memória de sua vida, nem mesmo seu nome real sabia dizer, porém, por mais que aquelas armas fossem bem diferentes umas das outras, o homem sentia que era experto com cada uma delas.

A primeira coisa que chamou sua atenção foi uma espada de lâmina curvada e dobrável que se retraía para dentro do cabo e parecia ser bem fácil de portar dentro do sobretudo, passando para as armas de disparo logo em seguida.



Divisória John Freelancer

Ainda naquela noite, Fae levou John em uma pequena van até o distrito comercial da cidade, onde funcionava o prédio de uma das subsidiárias de uma das várias megacorporações existentes em Pikex, a farmacêutica GenX.

A mulher parou o veículo em uma das laterais do complexo corporativo que ocupava quase um quarteirão e contava com muros altos, cercas eletrificadas e um bom número de seguranças armados em seu interior.

- Como isso se enquadra no último desejo do seu pai? – Interrogou John em uma das maiores sentenças que a jovem o tinha visto dizer desde que se conheceram.

- Certo! Acho que já enrolei bastante pra te contar. – Disse a moça com um longo suspiro. – Meu pai era empregado da GenX contra a sua vontade. A megacorp viciou ele em um produto que só eles tinham, então se ele não tomasse doses regulares, morreria. Aliás, foi assim que ele morreu, por se rebelar contra a GenX e parar de receber suas doses. Enfim, ele foi obrigado a criar uma coisa muito ruim e suas últimas palavras pra mim foi implorando para que eu destruísse a pesquisa dele. Por isso eu não podia falar o que era, nenhum Freelancer com mais de dois neurônios quer se meter com uma megacorp, mas depois de firmado o contrato, vocês são obrigados a cumprir. Sem ofensas...

John respondeu com um meneio de cabeça e desembarcou do veículo, pegando uma bolsa pesada que estava no interior e colocando nas costas pouco antes de passar os olhos no complexo corporativo com o ar de quem queria invadi-lo. Fae se aproximou dele com um sorriso de quem já tinha tudo planejado.

- O caminhão de lixo vai sair já-já. O motorista é meu parça e vai fazer vista grossa quando entrarmos. Então seguimos pela área de serviço até o elevador e lá em cima tem o laboratório que viemos procurar. – Explicou a jovem. – Se tivermos problemas no meio do caminho, é onde você entra. Nós só vamos sair de lá quando o trabalho dele estiver destruído. Certo?

Não demorou muito e o portão se abriu para passar um caminhão de lixo que flutuava acima do solo com bobinas magnéticas, permitindo que a dupla se infiltrasse discretamente no complexo da GenX, passando sorrateiramente por locais escuros até se depararem com uma porta blindada que exigia identificação para autorizar a entrada.

- Agora é a parte onde as identidades falsas que eu arrumei vão funcionar ou então, vamos entrar atirando a partir desse ponto. – Disse Fae acessando o painel holográfico nas costas de sua mão e passou os dados dos cartões virtuais de identificação.

Após alguns segundos de suspense, a porta se abriu e os dois entraram sem disparar alarmes nem atrair a atenção da segurança. Caminhando calmamente, foram até o hall e pegaram o elevador que os guiaria até o trigésimo andar, o que fazia a moça se sentir bem por sua façanha ao mesmo tempo em que sentia uma ponta de apreensão.

Um sinal sonoro disparou indicando que os dois haviam chegado ao andar desejado, porém, tão logo ingressaram no corredor, uma porta blindada lacrou o caminho por onde tinham vindo ao mesmo tempo em que diversos guardas humanos e alienígenas os cercavam com armas em punho.

- Acharam mesmo que ninguém ia notar as identidades falsas? – Debochou um homem careca com uma protuberante barba cinzenta. – Cobaia 615, finalmente retornou para casa! E o cavalheiro ao seu lado, quem é?

A moça se enfureceu e fez menção de sacar sua arma, mas logo os seguranças reagiram, obrigando John a se mover em uma velocidade bastante superior ao reflexo de um humano normal, permitindo que ele se jogasse em cima de sua cliente para os dois rolarem no chão até atrás de uma coluna de aço daquele hall de elevadores, o que os protegeu dos tiros disparados em seguida.

- Vejo que trouxe alguém interessante! – Comentou o cientista às gargalhadas, voltando-se para os guardas. – Matem os dois! Quero dissecá-los!

John sacou duas pistolas de plasma que tinha dentro do sobretudo e começou a revidar os tiros dos soldados inimigos, atingindo-os precisamente no rosto com uma precisão invejável. Logo que teve uma oportunidade, ele guardou as armas e correu, deslizando pelo chão para esquivar de alguns disparos e recuperando uma metralhadora laser que estava no piso e abatendo mais um bom número de oponentes antes mesmo de chegar na cobertura da pilastra seguinte.

Fae não ficou para trás, sacando o par de submetralhadoras de projeteis energizados e disparando-as em tantos adversários quantos os que entrassem na sua frente, enquanto se movia de uma cobertura para a outra. Embora ela não fosse tão ágil e precisa quanto o Freelancer, era nítido que suas habilidades e velocidade eram superiores ao daqueles militares treinados a quem enfrentava.

O homem de barba cinzenta ficou preocupado quando viu seus seguranças sendo abatidos rapidamente e correu para outro cômodo, fechando uma comporta metálica atrás de si. Quando o último soldado foi abatido, a jovem pegou explosivo plástico da bolsa que também carregava nas costas e amoldou na porta blindada, detonando-a e arremessando-a para dentro do recinto com grande violência.

- Não me mate! Eu só trabalho aqui! – Implorou o cientista quando viu a dupla entrando pelos destroços da entrada explodida.

Fae estava levantando sua arma para executar aquele homem quando recebeu um potente golpe que a arremessou do outro lado do salão, fazendo-a colidir com uma pesada estante repleta de equipamento que desabou em cima dela, soterrando-a.

John escapou do segundo ataque do inimigo graças a seus reflexos apurados e não demorou a se ver diante de um zexthon, um alienígena bípede com traços reptilianos que possuía o corpo repleto de escamas amareladas e ombros largos demais, desproporcionais até mesmo aos seus quase três metros de altura. A cabeça crocodilesca da criatura rosnava, mostrando os dentes afiados que revelavam a dieta exclusivamente carnívora daquela espécie, enquanto seus quatro olhos maldosos de íris âmbar focavam seu adversário como se fosse uma presa.

- Losza é o chefe da segurança por aqui. – Declarou o cientista com um ar vitorioso. – Vocês vão se arrepender de terem mexido com a GenX!

O Freelancer abandonou as pistolas de plasma, guardando-as em seu sobretudo e, em seguida, sacou o cabo da espada, apertando o botão que fazia a lâmina se estender e começar a vibrar em grandes velocidades para aumentar sua capacidade de corte. Losza abriu um sorriso repleto de caninos e puxou do bolso um pequeno objeto que, com o apertar de um botão, se estendeu até formar um bastão com duas pequenas lâminas de foice nas pontas.

O zexthon avançou com um ataque pesado e vertical visando a cabeça de seu inimigo que se esquivou rapidamente, mas o alienígena manteve a pressão girando seu bastão e golpeando horizontalmente, buscando acertar o tronco do oponente que rolou no chão para desviar de mais essa investida.

- Você pode ser rápido, mas vai fugir até quando?! – Provocou Losza avançando com mais uma sequência de ataques rápidos que nada atingiu.

A criatura reptiliana estava frustrada, tentando acertar o humano por diversas vezes, mas não conseguindo encostar nele em nenhuma delas, o que o deixava com cada vez mais raiva e colocando cada vez mais forças nos golpes.

- Qual é o seu problema?! – Vociferou o chefe da segurança com um rosnado enquanto erguia a arma acima da cabeça, armando um golpe que teria força o suficiente para partir seu adversário ao meio.

Nesse momento, quando seu oponente priorizou força a velocidade que John deslizou pelo chão, escorregando por entre as pernas do alienígena e acertando dois golpes precisos com sua espada na parte interna das cochas, cortando artérias calibrosas que fizeram a criatura desabar no chão enquanto jorrava grandes quantidades de sangue esverdeado.

Sem dizer uma palavra, o Freelancer pegou o bastão das mãos do oponente e o jogou para longe, enquanto apontava sua espada para o rosto reptiliano do oponente derrotado que parecia que iria desmaiar a qualquer momento. O cientista tremeu de medo ao ver a cena, porém não durou muito, já que ele foi alvejado pelos disparos feitos por Fae que acabara de se levantar dos escombros nos quais tinha sido soterrada.

John retraiu a lâmina de sua espada e guardou dentro do sobretudo. Segundos após, novos tiros irromperam da arma da jovem e atingiram a cabeça do chefe de segurança, matando-o ali mesmo.

- Não temos muito tempo. – Anunciou Fae virando-se para uma porta que havia nos fundos daquela sala.

O Freelancer a acompanhou em silêncio até entrar na câmara adjacente, quando se viu em um lugar amplo que deveria ocupar três ou quatro andares daquele prédio com grandes tubos de vidro que continham peças metálicas nas pontas e, em seu interior, imerso em um líquido esverdeado, corpos humanos nus que estavam em posição fetal, completamente alheios ao mundo a sua volta, embora tivessem a forma de adultos.

- Meu pai, se é que posso chamá-lo assim, era um geneticista e a GenX o queria pra desenvolver um projeto de super-humano que fosse o espião industrial perfeito. Belas mulheres com formas perfeitas, inteligentes, capazes de seduzir qualquer um, mas também fortes e rápidas para eliminar alvos se fosse necessário. A ideia era se manter a frente da concorrência com espiões perfeitos e descartáveis. – Contou Fae chegando perto do cilindro mais próximo e limpando o líquido condensado no vidro, revelando que o ser no interior do tubo tinha o seu rosto. – Somos todos clones melhorados geneticamente. Eu sou a Unidade GenX 615, daí “Fae”, a sexta, a primeira e a quinta letra do alfabeto.

Como John não respondia, a jovem pegou a bolsa que tinha nas costas e jogou no chão, chegando perto do Freelancer e pegando a bolsa dele, abrindo ambas e revelando que carregavam artefatos explosivos de grande capacidade ali.

- Eu fui a primeira que meu pai teve sucesso. Ele conseguiu me contrabandear pra fora da GenX e me levou pra ficar escondida na oficina de eletrônicos, mas logo seus superiores começaram a notar que ele estava enrolando em entregar o projeto pronto e ele acabou por fugir. Todas essas pessoas aqui são assassinas em potencial, seres sem alma que não merecem existir. – Afirmou Fae com certo rancor em suas palavras enquanto acessava o computador para apagar todos os dados da pesquisa que encontrasse. – Melhor você ir embora, não vai querer estar aqui quando isso explodir.

- Seu plano é morrer? – Interrogou John em um tom sereno.

- Eu sou uma abominação sem alma tão grande quanto elas! – Rebateu Fae com uma expressão em sua face que ficava no limite da raiva e a tristeza, enquanto jogava um chip de créditos ao portador para o Freelancer. – Preciso destruir toda a pesquisa do meu pai e isso inclui a mim mesma! Anda, vai embora!

- Se você quer morrer, não vou impedir. – Disse John colocando as mãos nos bolsos do sobretudo, virando de costas para sua cliente e preparando-se para sair. – Entretanto, sua alma é como as memórias que eu não tenho. O fato de não as ter aqui e agora não significa que não estejam por aí em algum lugar para serem achadas, mas você não vai poder fazer isso se não ficar viva...


Divisória John Freelancer

John estava parado, quase mesclado a noite com suas vestes negras, ainda com as mãos nos bolsos do sobretudo enquanto observava a distância o prédio da GenX pelas lentes de seus óculos arredondados. A primeira explosão foi a mais discreta, apenas no andar em que se localizavam os experimentos, mas a segunda foi mais potente, implodindo todo o andar e fazendo os superiores caírem em cima dos inferiores e a terceira foi a mais arrasadora, derretendo o metal da superestrutura e evaporando concreto, destruindo qualquer coisa que pudesse haver no interior daquele complexo corporativo.

- Pra alguém que vive calado, você até que sabe o que dizer e quando dizer. – Resmungou Fae que surgiu logo atrás do Freelancer que continuou imóvel. – Eu só queria saber uma coisa. Te vi em combate e você é mais rápido e mais forte que eu que fui projetada para ser a ápice do atletismo humano. Você é projeto de alguma concorrente da GenX ou algo assim?

John não respondeu, nem poderia, afinal, ele próprio não conhecia a resposta daquela pergunta, nem mesmo sabia quem era. Em silêncio, o Freelancer começou a caminhar, seguindo pela noite escura da cidade de Drexhat.

- Vai aonde? – Indagou a jovem sem jeito.

- Outro lugar. Não é aqui que minhas memórias estão... – Afirmou o homem sem deixar de seguir seu caminho.

- Vou começa a procurar pela minha alma também... – Disse Fae para si mesma em um tom de voz baixo, mas que elevou para que fosse ouvida em sua fala seguinte. – Talvez a gente se esbarre de novo, estou pensando em virar Freelancer também!



Continuação Contos de John Freelancer

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